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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Dando o melhor de mim

Estou emocionada. Profundamente emocionada. Meu bebezinho estará completando, nas próximas horas, seus primeiros 6 meses de vida. Metade de um ano já se foi, passou. Voou. Totalmente clichê, mas não tenho outra palavra: voou!

Há exatos seis meses eu estava passando por uma das experiências mais transformadoras da vida de uma mulher: eu estava em pleno trabalho de parto. Algo intenso, forte, que provoca uma verdadeira catarse e põe a vida da gente em outro eixo. Não o trabalho de parto e o parto em si, mas o que ele traz, que é a vida nova que surge. Não só a nova vida do bebê, mas a nossa própria nova vida.

Os primeiros meses de existência da minha filha foram bastante difíceis pra mim. Pra quem trabalhou até a véspera de entrar em trabalho de parto (na verdade até a antevéspera, porque a véspera foi estreia do Brasil na copa e ninguém trabalha, hehehe) não foi nada fácil sentir o próprio mundo parar de repente em função de outro ser. Mas acredito que a dificuldade que senti foi pelo fato de desejar fazer tudo de uma maneira diferente do convencional e por ter criado paradigmas irreais também.

Hoje, construídos outros modelos, ou melhor, tentando não seguir modelo algum a não ser o que dita o meu coração, as coisas estão fluindo com muito mais facilidade. A duras penas fui aprendendo a fazer minhas escolhas, descobrindo o que é melhor para mim e para minha pequena. As vezes é mais difícil, mas não importa: o importante é que seja o melhor para ela.

Criar filhos sem que eles usem chupeta (e olha que eu confesso: até tentei - ela não aceitou e eu não fui muito insistente), mamadeiras (essas passaram bem longe daqui), sem leites artificiais, sem deixar chorando pra "aprender a se virar" não é nada fácil! Fiquei boquiaberta quando a avó de um menininho apenas 20 dias mais velho que a Isis me falou com orgulho que ele "já come de tudo, não mama mais e está com o peso e altura de um bebê de 1 aninho". Esse "de tudo" inclui industrializados, "engrossantes". Tão grave a situação que o pediatra do menino pediu que a mãe fizesse uma "dieta" no garotinho, cortando vários ítens da alimentação dele.

Não cabe a mim julgar se essa mãe está certa ou errada. Mas eu fico chocada, fico sim, porque é a qualidade de vida de um bebê que está em jogo. Um bebê, que não tem escolhas, que não pode ler, nem se informar, nem selecionar o que é bom ou não para comer, beber, ver, ouvir. Um bebê cuja mente e corpo estão em formação. Me assusta, sim, ver ser negado a esse garotinho o direito de ter o melhor para ele.Nesse caso o melhor seria, pra completar, mais barato - afinal a gente não paga nem um centavo pra amamentar. Em pensar que o desmame dele foi iniciado quando ele ainda não tinha nem dois meses e o bebê chorava muito (oh, claro, bebês choram muito e asseguro que a minha chorava muito também, mais do que ele até). E o mesmo pediatra que hoje prescreve uma dieta foi o que sugeriu a introdução da fórmula artificial. O que veio muito a calhar para a mamãe dele, que queria mesmo dar uma voltinha no shopping - sem ele - e assim a vovó dele pode dar a mamadeirinha de leite. (In?) felizmente não consigo considerar isso aceitável, se pensar na perspectiva do bem estar do bebê. E também, infelizmente, não posso mexer nas escolhas dessa mãe para o seu filho.

O que me resta, então? Dar o melhor de mim para minha filha. No meu caso significou e ainda significa muita renúncia. Passeios restritos ao que ela pode acompanhar, nos horários que ela pode ir. Acordar muitas vezes de madrugada, quando ela quer peito porque sente fome ou simplesmente porque ela quer aconchego, quer ficar comigo. É ser o alimento da minha cria. É me entregar de corpo e alma a maternidade.

Nas próximas horas completaremos 6 meses de aleitamento materno exclusivo. Não é nada fácil, não mesmo! E não tinha certeza se conseguiria, uma vez que o tempo máximo que minha mãe amamentou foi por 2 meses. Infelizmente ela caiu na armadilha do "ter pouco leite" e no fim das contas acabou diminuindo ainda mais a produção, pois oferecia complementos a mim e aos meus irmãos, o que resultava em ainda menos leite. Ela, como a mãe do garotinho que mencionei, não tinha muito acesso à informação e os profissionais que a assistia - assim como o profissional que assiste à mãe do menino citado aqui - era despreparado no quesito aleitamento materno.

Para mim amamentar exclusivamente por 6 meses é uma vitória grande, assim como foi parir. A quem diga que ninguém é mais ou menos mãe por parir ou por amamentar seu filho. Tudo bem, concordo. Mas para minha experiência passar pelo trabalho de parto, parto e aleitamento exclusivo foram tão tão (não consegui achar uma palavra pra definir) que me sinto uma pessoa completamente diferente da que eu era há seis meses. E diferente para melhor.

Amanhã começaremos uma nova jornada. Minha pequena experimentará sua primeira refeição. Não sei como será, não sei se ela vai gostar de cara ou se vai demorar para se acostumar com a nova condição. Estou, ao mesmo tempo, curiosa e enciumada. É, estou com ciúmes da papinha! Afinal de contas até hoje eu era a única fonte de alimento para minha filha. Eu sei que ainda vamos seguir com a amamentação, sem pressa pra terminar. Sei que é preciso passar por isso, que a criança cresce, precisa aos poucos passar a ser mais independente (embora esse adjetivo não me pareça muito adequado para um bebê). Mas deixa eu curtir esse sentimento dúbio, puxa vida! Deixa eu sentir vontade de agarrar e de deixar ir ao mesmo tempo!

Pode parecer louca a minha confissão, mas a faço mesmo assim: estou me sentindo como se estivesse parindo pela segunda vez a minha filha. Há seis meses ela deixava de ser um feto dentro do meu útero e passava a ter uma vida "independente". Mas ainda precisava de mim, exclusivamente de mim para se alimentar - e, por conseguinte, sobreviver. Teoricamente ela poderia ser alimentada de outra forma na minha ausência, mas comigo ao lado dela isso não precisou acontecer. Agora mais uma parte do processo do "deixar ir, deixar ser": não serei mais sua única fonte de alimento. Mas, assim como no parto, ao mesmo tempo que é doloroso, é prazeroso. É um momento que indica que a vida segue seu curso, como tem que ser.

Mais um marco na nossa vida. Mais uma vitória para minha história como mãe. Independente de ser ou não sua única fonte de alimento, uma coisa é certa: continuarei oferecendo a minha filha, sempre, o melhor de mim!

Olhos marejados de lágrimas aqui...

Um comentário:

Liliane disse...

Que momento marcante! Qual será o menu?kkkkk
Filma a careta que ela com certeza fará, rs.
Fica triste não, ela continuará dependo de vc para escolher alimentos fresquinhos, de qualidade, para prepará-los corretamente,ih a lista de dependências é longa!
Bjãoooooo