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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Respeito é uma das faces do amor

Minha filhota acabou de pegar no soninho. Ela não costuma dormir tão tarde não. Geralmente fazemos uma sequência de eventos pra ajudá-la a prever que é hora do sono: shantala + banho morninho + mamar = dormir. Mas hoje não deu muito certo. E o mesmo ocorreu há dois dias.

Fico me perguntando o que houve pra que ela tenha despertado de perdido o sono. Anteontem  ela chegou a cochilar após o "ritual" e depois de 1 hora de sono - ainda comigo no quarto - acordou como se tivesse dormido uma noite inteirinha. Ontem seguiu a rotina de todos os dias. Hoje, novamente, não.

Hoje ela havia dormido mais do que frequentemente dorme durante a tarde: dormiu das 15h e uns minutinhos até quase 18h. Cerca de 2 horas e meia. Eu sabia que isso iria afetar o sono da noite, mas acho um desrespeito acordar alguém, não gosto de ser acordada sem necessidade e não é porque minha filha é um bebê que não merece o mesmo respeito.

Pois bem, acordou tarde para o passeio vespertino, mas mesmo assim trocamos a roupinha dela e saímos para uma volta no quarteirão com pit stop na padaria. Geralmente ela fica meio enjoadinha durante a hora do nosso jantar - meu e do papai dela - mas hoje ela estava "de boa". Após o jantar, seguimos os passos típicos de organização da casa pra ela dormir, mas deixei que ela ficasse acordada um pouco mais de tempo, para que o sono chegasse com vontade. Ela não demonstrou cansaço, então, por conta do horário, decidimos mesmo assim seguir a rotina do sono.

Fiz a massagem dela sem que ela reclamasse. Oba! Nos últimos dias eu até já havia pensado em desistir de fazer a shantala, mas hoje ela aceitou, curtiu, sorriu, ficou feliz - e esse é o objetivo. Depois dei seu banho morninho com chá de camomila na água. Em seguida, mamar no quarto já escurecido. Achei que o sono viria fácil, uma vez que no banho ela já havia choromingado. Ledo engano. O choro era de fome! Eu já desconfiava, pois ela havia mamada fazia umas 4 horas, estava faminta (o padrão dela é mamar em intervalos de 2 horas e meia, em média).

Conformada com o não sono dela, resolvi sair do quarto até que o sono dela chegasse, procurando me ocupar de outras atividades. Num dado momento ela começou a choromingar de novo. Eu, crente que era sono, pedi ajuda do papai para dar-lhe mais um banho - ela estava molhada de suor - e tentar "fazer-lhe" dormir. Na hora de colocar a roupa pra dormir, Isis começou a coçar os olhinhos fechados. Eu tinha certeza que era o sinal perfeito de que ela estava com sono mesmo. Mas algo estranho aconteceu.

Entrei no quarto com ela e, como sempre, coloquei-a pra mamar, mas ela não quis. Começou a chorar, primeiro um chorinho, depois um chorão! Tentei o outro peito, nada. Coloquei-a na cama, ela elétrica. Começou a brincar, balbuciar, rolar, rastejar pra trás (nova habilidade que está em treinamento, coisa mais linda!). Eu fui ficando nervosa, tentando não demonstrar pra ela esse nervosismo. Acho que bebês têm radares ultra-super-mega poderosos e ela deve ter sacado que eu estava nervosa. Depois de tentar o uso de todas as suas habilidades, minha bebê começou a chorar um choro que crescia. Ia ficando maior e mais forte.

Dei colo, peito, o outro peito. Um ombro, o outro ombro. Fiquei em pé com ela, ninando. Nada fazia o choro parar. Nada. Nada! Eu comecei a ficar preocupada. Percebi que ela nem abria o olho durante o choro. Estava exausta, coitadinha, e não conseguia dormir. Fui até a cozinha e falei pro marido, que estava no banho, que estava preocupada com tanto choro e que, caso não cessasse, eu iria levá-la para o hospital. E o choro continuava.

Voltei pro quarto com ela em prantos desesperados (e desesperadores) e deitei com ela do meu lado, última coisa que fazemos todos os dias antes dela dormir, ato que se repete sempre que ela acorda de madrugada. Milagre. De repente o choro cessou, ela acalmou-se e dormiu em poucos minutos.

Fiquei pensando: tudo que ela queria era a segurança de sempre para poder dormir. Ela tentou fazer de outras formas, usou todas as habilidades que possuia, mas não conseguia dormir. Nem meu colo acalentava ela, ela sentia que faltava algo, se desesperou porque não sabia me comunicar isso. Imaginem a angustia que isso deve gerar para o meu pequeno ser.

Fiquei pensando também na triste sorte do bebê de quem acredita que bebês fazem manhas, que bebês precisam chorar pra dormir, que se deixar chorar eles se acostumam e dormem. Minha filha tinha uma necessidade real: precisava de ajuda para dormir. Pense comigo: se ela tem fome eu alimento-a, se ela não sabe assear-se eu dou seu banho e troco a sua fralda, se ela não sabe andar eu carrego-a. Mas se não sabe dormir eu deixo-a chorando?

Mãe não adivinha necessidades não. Mãe observa o filhote e tenta entender o que ele precisa. Não é fácil, afinal nos conhecemos há tão pouco tempo! Mas hoje fiquei muito feliz por ter conseguido perceber que tudo que ela precisava era da segurança de deitar-se do meu lado, juntinho de mim, no meu peito, para que o sono chegasse e ela se entregasse a ele.

Apesar do choro desesperado que presenciei, não sai do seu lado, não a abandonei à própria sorte. Acalentei-a e conversei com ela durante o choro. E, quando ela acalmou-se, expliquei pra ela que estava tudo bem e que ela podia ficar tranquila, que eu não havia compreendido o que ela precisava, mas que agora eu sabia e que ela teria. Mas que, mesmo antes, ela estava protegida e estava tudo bem.

Espero que ela se sinta segura não só por agora, mas que cresça confiante, sabendo que tem com quem contar, alguém que a ama incondicionalmente, mesmo quando não compreende suas necessidades de imediato. Alguém que vibra de felicidade quando descobre o que ela precisa e pode dar de maneira desmedida.

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