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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Poucas semanas e muita ansiedade

Cá estou eu, pensando praticamente de maneira exclusiva na vida que gero.

Esse primeiro trimestre é algo bem complicado. Tão abstrato, imaterial. Quase não há mudanças físicas. Ninguém que não me conheça sabe que estou gestando. Além de tudo, neste período, o ser que se forma é frágil e delicado demais. Resta a mim, esperar. Disse, certa vez, Amarante "o seu caso é o tempo passar"¹. Não tenho mesmo outro remédio.

Os medos e alegrias vêm e vão na minha mente. Fluem, como se fossem um rio. As incertezas são grandes, mas é assim a vida, não é? Muitas vezes me ocorre o desejo de fechar os olhos e só abrir quando já tiver no meu colo um lindo bebê. Porém é preciso viver cada ciclo, cada etapa. Viver as incertezas do primeiro trimestre faz parte da gestação, é assim que tem que ser.

Enquanto o tempo se arrasta, vou pensando sobre como será seu olhar. Ou, antes, como chegará ao mundo. Quem me conhece sabe o quanto quero distância de bisturi para o momento da chegada dessa criança ao mundo. O desejo do meu coração é que tudo seja lindo, calmo, natural, sem intervenções desnecessárias. Queria estar cercada de pessoas que acreditassem que isso é possível, que meu corpo é capaz. Infelizmente essas pessoas são poucas, a maioria me desencoraja a acreditar que isto seja possível. Dizem que é melhor eu tirar essa ideia da cabeça, pois caso seja necessária uma cirurgia eu não sofra duplamente. Mas como realizar um sonho sem sonhar com ele? Sem planejá-lo? Sou eu quem preciso fazer esse sonho acontecer.

Tenho vivido uma estranha solidão nesses últimos dias. Sinto uma saudade imensa da euforia que tomou conta de mim no dia das duas listrinhas e no dia do exame positivo do hospital. Desde então tive os sustos dos sangramentos e um distanciamento das evidências de que meu filho está aqui no meu ventre. Essa "distância" me traz uma vontade imensa de chorar. Ah, são os hormônios, dirão. Não é só isso não. É aquela vontade grande que as coisas se concretizem. Vontade de começar a arrumar as coisinhas da vida que receberemos. Vontade de senti-lo fisicamente. De ver a barriga crescer. Mas tudo, tudo tem um tempo. E vou ter que esperar esse tempo também.

Apenas no dia quatro farei minha primeira ultrassonografia. Melhor assim. Até lá  teremos mais certezas de que ele (ou ela) será visto, embora, é claro, sem saber ainda se é ele ou ela. Isso é coisa que teremos que esperar muito mais tempo, talvez só saibamos por ocasião do nascimento. Ultrassonografia feita muito  no início da gestação pode trazer mais incertezas e aflições do que tranquilidade. Afinal, a gestação pode ter muito menos tempo do que imaginamos e pode não ser possível ver o embrião. Sabendo o quanto sou ansiosa, melhor esperar um pouco mais, assim, confiando na gente, no meu corpo e no desenvolvimento do dele/a.

Preciso aprender algo que faça essa ansiedade diminuir. Sumir com ela. Não tenho conseguido relaxar. Está difícil administrar a angústia que sinto. São muitos medos misturados, uns reais, outros nem tanto. Me sinto melhor que há dois dias atrás. Mas minha mente, ainda, acelerada demais. Não sei como farei. Queria ter suportes como yoga, hidroginástica, meditação ou qualquer coisa do tipo. Mas vou ter que descobrir sozinha um jeito de me acalmar (quem manda nascer pobre, nhá). Preciso e vou descobrir.

Eu não imaginava que era tão difícil ser grávida de poucas semanas... em pensar que a jornada está apenas começando!

PS: estou sentindo um pouco de enjoo as vezes, vertigens as vezes. E estou adorando! Vai entender...

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