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terça-feira, 2 de agosto de 2011

1 ano (post atrasadíssimo!!!)

Cumprindo promessa, cheguei dentro das 24 horas previstas (pelo menos pra começar a escrever), oba! Mas a verdade é que o post está mais que atrasado, por motivos já comentados no posta anterior. Vamos ao que importa: falar sobre nosso primeiro ano de vida juntos (sim, porque não somos só eu e ela). Diabéticos, cuidado: esse post tem forte tendência a ser meloso!

Em setembro de 2008 me deu um estalo: eu já estava com 30 anos, "precisava" decidir se queria ou não deixar descendência. Minha sobrinha linda havia nascido meses antes e a chegada dela mexeu comigo. Eu só via vantagens em ser mãe, a vontade crescia. Conversei com o marido e decidimos que sim, teríamos um filho. Mas tudo assim, meio indefinido, apenas sonho, vontade, desejo.

Nessa época procurei um obstetra que, segundo diziam em nossa cidade, era o que tinha o perfil mais próximo ao que eu desejava. Eu já havia ouvido os clarins que anunciavam o parto humanizado, sabia que era uma meta difícil de se alcançar, mas a gente precisa de metas pra seguir. Acontece que estar com quase 100 quilos era algo que atrapalhava meus planos. Fui encorajada a perder peso e voltar ao consultório 4 meses depois. Sai de lá com um misto de alegria e sensação de derrota. E extremamente motivada a esvaziar o corpo dos excessos para enchê-lo de vida.

Ao longo de 9 meses (tempo bastante simbólico, sei disso!) perdi 30 quilos. Não virei nenhuma modelo, mas a mudança me agradava, me sentia mais confiante e passei a acreditar que sim, eu podia! Foi então que, em junho de 2009, decidimos que eu engravidaria. Três meses depois (em setembro de novo, vejam só!) engravidei.

O começo da gestação cheio de sustos e medos. Eu queria tanto vivenciar aquela experiência e quando chegou a minha vez eu não sabia como lidar com ela. Tive um pequeno sangramento uma semana depois que soube que estava grávida (e mais alguns depois) e o medo me paralisou.  Eu chorava, fiquei apavorada. Tinha aversão à ideia de ver meu sonho se esvair. Mas foi só um susto, não era nada demais. E até hoje não sei direito a explicação para aqueles episódios.

O primeiro trimestre da minha gestação foi de muito silêncio. Eu tinha medo, o medo me fazia calar. E o silêncio permitiu que eu conseguisse, aos poucos, me ouvir. Senti minha pequena mexer muito cedo. Não lembro exatamente quando, mas foi bem no início do segundo trimestre da gestação. E posso assegurar que a experiência é fantástica. Eu adorava sentir minha pequena mexendo no meu ventre.

O tempo foi passando, a barriga crescendo, primeiro timidamente, depois de maneira mais acelerada. Eu me sentia linda e plena. Completa e absoluta. Me sentia capaz de tudo! Claro, vez em quando batia uma insegurança, um medo (de novo?), mas a maior parte do tempo era de autoconfiança. Dito assim parece um crescimento rápido, absoluto, mas não era bem assim, não foi tão linear. Havia idas e vindas, como numa dança. Porém eu me encaminhava a cada dia para o empoderamento.

Lembro-me de um dia que fiz um trato com  a minha filha; eu queria muito dar à luz, parir. E da maneira mais natural possível! Me sentia um tanto quanto perdida. Não tinha uma doula presencial para me apoiar, meu obstetra não era bem como eu gostaria (sim, foi a melhor opção que me coube, mas não era um "nome nacionalmente conhecido em obstetrícia humanizada"), eu teria um parto hospitalar, possivelmente com algumas intervenções desagradáveis e invasivas. Eu queria parir na minha casa, num ambiente acolhedor e conhecido, mas não tinha grana e nem apoio pra levar esse desejo adiante. Isso fora o medo de algo dar errado e eu acabar na faca. E isso me fazia sofrer. Muito. Até que um dia decidi parar de sofrer e fazer o seguinte combinado com a minha filha: falei que faríamos o nosso trabalho juntas. Que no dia em que ela estivesse pronta para chegar, seríamos uma equipe, faríamos o melhor possível, o mais rápido que pudéssemos. Não por pressa, mas por precaução, eu "dizia" pra ela. É, eu fui ousada e "pedi" um trabalho de parto rápido, porque não me entendo bem com as dores e me descompenso com a maior facilidade quando sinto. Emponderamento era a palavra. Tomei às rédeas nas minhas mãos naquele dia!

Nosso dia chegou. Comecei a manhã com uma indisposição, que mandava de volta pra fora tudo que eu ousava colocar pra dentro do corpo. Era comer e vomitar (oi?). Na verdade não era indisposição. Hoje sei que era meu corpo se preparando, do jeito (louco) dele, para receber minha herança do lado de cá do mundo. No decorrer da tarde eu me sentia meio dopada. Sentia sono, náuseas e cólicas espaçadas e irregulares. No final da tarde fui examinada pelo obstetra ainda no consultório. Colo apagando, amolecendo, mas nada mais que 1 centímetro de dilatação. Eram 7 da noite e fui avisada que meu trabalho de parto poderia durar horas. Muitas delas. Voltei pra casa e a dor se intensificou. Entrei num furor, sentia raiva da dor, sentia raiva por vomitar tanto. Me sentia fraca. Achava que não daria conta. E as contrações iam e vinham e eu achava que não eram, ainda, contrações de verdade. Eu não sabia, mas estava entrando num estranho estado, conhecido por alguns por "partolândia". Por isso as emoções eram tão intensas. Abre parenteses---> E eu confesso que estava tão maravilhoso estar grávida que eu não queria que aquele encantamento acabasse. Se isso fez com que as dores ficassem mais intensas, não sei. Assunto pra discutir análise. <---fecha parenteses.

AS 22 horas minha mãe e meu marido me convenceram que era melhor ir para o hospital. Como eu pensava que ainda não estava em trabalho de parto (ãn?), protelei o quanto pude. O dia estava chuvoso, o táxi demorou a chegar. 23 horas ele chegou e em menos de 5 minutos (eternos) estávamos na maternidade. 7 cm de dilatação. Sorri, fiquei feliz e assim que meu obstetra apareceu (minutos depois) pedi analgesia. Podia ser um tiro no pé, mas pedi. O trabalho de parto seguiu, menos intenso e eu bem mais tranquila. Só voltei à tal partolândia no expulsivo. E a 1h54min do dia 17 de junho de 2010 dei à luz à minha jóia preciosa.

Os primeiros meses foram de muita chuva e de um inverno de sentimentos. Eu me sentia triste, chorava, faltava algo. Faltava o esplendor da gravidez. Senti saudades, muitas saudades. Baby blues? Depressão pós-parto? Não sei! Mas passou, foi passando (embora ainda me sinta triste ao lembrar da tristeza que eu sentia naquela época - outro assunto para discussão em análise).

Passado o primeiro trimestre, chegou a primavera (a minha e a da natureza). Fui renascendo, despertando, aprendendo. A primavera tem seus dias de chuva e frio, mas à medida em que avança, o tempo vai ficando bonito, a vida floresce.

Os dias se passando, minha menina crescendo. Primeiro sorriso, descobrindo a mão, primeira gargalhada, aprendendo a rolar, descobrindo o pé, aprendendo a sentar, a comer, a ficar em pé. Chegou a época da volta ao trabalho, ela com quase 8 meses. Angústia da separação (de ambas), mas deu tudo certo (meu marido e companheiro está sendo o melhor cuidador que minha filha pode ter quando não estou presente, como acredito que tinha que ser). Balbucios, palavrinhas, primeiros passos. Primeiras gracinhas, primeiras artes. Noites difíceis, noites deliciosas. Erros, acertos. Belo recheio!

E chegou o dia do primeiro aninho. Eu me sentia emocionada, feliz, mas inquieta. Meu bebê está crescendo e, aos poucos, vai deixando de ser meu bebê. Isso me amedronta. Como bem disse minha amiga Luzi querida, eu sinto saudades do minuto anterior. Nosso primeiro ano foi de muitas vitórias. 1 ano de amamentação (após os seis iniciais dela exclusivíssima!). Minha filha chegou no seu tempo, pela via que a natureza providenciou. Cercada de muito amor, de um pai e uma avó fora de série. Sem eles não imagino como teria sido esse primeiro ano.

Eu sabia que registraria os sentimentos e situações que experimentei nesses 365 dias (agora um pouco mais, já se passaram quase dois meses depois do aniversário da minha Isis), mas as palavras que pensei e planejei não sairam. Vieram outras, tão fortes quanto as que planejei (ou até mais). E agora não sei como terminar esse post. O tempo passando, implacável (inclusive ele me pressiona agora, uma vez que são mais de 2 da madrugada e preciso acordar logo mais para trabalhar). Eu dizia que iria curtir muito, muito, muito cada instante, para não sentir falta deles, mas não dá, impossível: sempre sobra muito amor para cada momento que vivo com ela, é tudo muito intenso.

O resumo desse primeiro ano? Eu diria uma frase que nem é de minha autoria, mas li, gostei e adotei: me descobri muito menos eu e muito mais feliz!

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