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domingo, 21 de junho de 2015

A vida muda

A vida muda. E eu? Muda!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Teste da Violência Obstétrica - Dia Internacional da Mulher - Blogagem Coletiva

Então que hoje é Dia da Mulher. Sou mulher e tenho uma filha. Sabe, eu tenho a crença num mundo que pode ser melhor e as vezes me incomodo tanto com esse mundo, esse de hoje, que esqueço que já foi pior. Ser mulher já foi sentença de ser inferior, ter sua vida reduzida a ser apenas aquilo que o patriarcado permitisse. Melhorou um tantinho, mas nada foi gratuito. Foi tudo fruto de luta e posicionamento de muitas pessoas. Que fique claro, não espero que exista hierarquia entre os gêneros, um melhor ou pior que o outro. Desejo que ambos tenham seus direitos respeitados, sua dignidade preservada.

Há quem acredite que não existem mais bandeiras a serem erguidas, que as mulheres alcançaram o tão almejado direito à igualdade. Infelizmente não é bem assim não. E é por isso que estou participando dessa postagem hoje. Pra mostrar que não estou satisfeita com essa cultura médico-obstétrica tecnocrata e intervencionista. Porque se existem muitos direitos que a mulher conquistou, existe um que está perdendo: o de parir com dignidade. Esse post é para denunciar e para ouvir. 

Eu desejei, sonhei com um parto digno. Busquei o melhor profissional que pude. Conversei com ele sobre as intervenções que não gostaria de sofrer muito mais do que sobre as que gostaria. Entre as que eu não gostaria de receber, estava a episiotomia

Meu trabalho de parto foi uma coideloco. Eu fiquei bastante descompensada, tive dificuldades em lidar com a dor. E, chegando ao hospital, depois de algumas horas de trabalho de parto e ainda com bolsa íntegra, mediante a constatação dos meus 7 cm de dilatação, pedi analgesia. Não sei se pediria hoje, mas aquela Anne precisava. Foi uma escolha consciente, apesar da "partolândia" (aquele estado de semiconsciência em que uma gestante penetra na hora de dar à luz, estando em trabalho de parto ativo). A episiotomia não, eu não pedi. Não queria. Estava escrito que eu não queria. Eu expliquei que não queria. Eu li que não era necessária. Mas ela veio. 

Se o trabalho de parto já nos deixa em um estado entre a vigília e o inconsciente, tanto mais o momento do expulsivo - aquele em que o esperado bebê chega. E estando eu em minha antepenúltima contração, percebo a preparação de um instrumento que me cortaria com a justificativa que era necessário para que meu bebê pudesse sair. Um pic, um "círculo de fogo" (um ardor que a gente sente quando o bebê tá coroando), mais duas contrações e minha filha nasceu. E eu ainda sem compreender o porquê daquela intervenção, confesso que por um segundo perdi meu foco, só voltando pra mim quando olhei ao meu redor e vi o marido chorando de emoção. 

Sabe, quase dois anos depois aquela episio me incomoda mais do que em junho de 2010. Nem é dor física, juro, não senti, tive um leve incomodo pela sutura no local e por poucos dias. Mas me senti desrespeitada com aquela situação, principalmente porque hoje compreendo que foi desnecessária, é um procedimento considerado proscrito por muitos e principalmente porque eu pedi que não fosse realizado. Por isso tudo, sim, acredito que aquela laceração provocada por um instrumento cirúrgico que sofri foi uma violência. E sim, foi aquele pontinho negativo que eu não gostaria de ter vivido naquele momento tão especial da minha vida. 

Sei que existem histórias terríveis de partos monstruosos, de soros, de ferros, de assédio moral (cale a boca, na hora de fazer você não gritou assim). De abandono emocional (um grupo de mulheres sozinha, caminhando por corredores frios, sem uma pessoa de confiança em que possa se apoiar). E, psiiiii, calada! A maioria das mulheres que conheço e com quem convivo são definitivamente convencidas que seu corpo tem algum defeito, que seu útero é insalubre e que seu filho precisa ser arrancado do seu ventre através de uma incisão em sua barriga. Muitas ouviram histórias terríveis sobre a dor do parto e juntam o medo com a vontade médica de cortar. Assim acabam por concordar com cesarianas mal indicadas e desrespeitosas, afinal confiam no profissional que as acompanham. Mal compreendem que boa parte das histórias terríveis são, na realidade, fruto de violência, de intervenções por vezes dolorosas e cruéis. 

Esse post é para saber como foi pra você. Mas não é um saber sem fazer. A partir dessa pesquisa informal, quero colaborar com a proposta de agir em defesa do respeito às mulheres e melhorar a qualidade de assistência ao parto no nosso país.

Por que falar sobre isso em um blog dedicado "ao meu bebê"? É bem óbvio: desejo, com isso, estar plantando sementes de um futuro no qual surjam os frutos do respeito, da dignidade, do bom senso, do amor. Não sei se minha filha será mãe um dia. Se for esse seu desejo, que seu momento de parir seja digno. 

Se você deseja participar da construção desse mundo melhor, denuncie a violência que sofreu. Sua identidade será mantida em sigilo. Sua colaboração ecoará e ganhará o país em nome de um mundo melhor.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Retomando

Tanto tempo sem escrever nenhuma linha aqui. Não por falta do que escrever, mas por tanta, tanta coisa e pela dificuldade em escolher por qual assunto começar. Me sentia muito em falta por estar deixando de fazer preciosos registros sobre os dias que se seguiram desde que minha pequena filha completara 1 aninho. Afinal, é para ela que guardo esses registros, desejando que ela leia e conheça meus sentimentos, minhas impressões, minha aprendizagem acerca da maternidade. E também meus medos, minhas dúvidas, minhas dores. As alegrias, o brilho.

Tentar fazer o registro dos primeiros meses de uma criança não é tarefa fácil. Como transformar em letras as cores, o perfume, as sensações da primeira infância? Um mundo em 3D traduzido em meras palavras escritas? Cabe? Hum, acho que não cabe não. Aí por isso nosso espaço foi ficando de lado, foi ficando, foi... foi, mas agora voltou! Porque ainda que faça um retrato parcial, será um bonito retrato.

Nesses últimos meses tenho visto meu bebê se transformando em uma criança levada e esperta. Isso provoca sentimentos antagônicos em mim. Se por um lado desejo vê-la grande e independente, por outro gostaria de poder fazê-la caber todinha em um único dos meus braços, tal como era quando acabara de nascer.

Ainda ontem eu conversava com uma amiga e dizia que tinha a seguinte sensação: parecia-me que até completar um ano as crianças vivem pra desenvolver o corpo, crescer fisicamente. E que a partir daí começam a desabrochar, a aflorar, a buscar a comunicação com as pessoas ao redor. E de como eu achava isso lindo. Eu sei que não existe linha divisória, eu sei. A criança não dorme com 364 dias e acorda no seu 365º dia um ser falante, cantante e sorridente, não é assim. Eu sei que as coisas se processam paulatinamente, sei que desde o momento que nasce o bebê procura se comunicar (o que é o choro se não isso?), interage do seu jeito (tenho uma linda foto de Isis em suas primeiras horas de vida procurando o meu olhar). Mas é que pra uma mãe, pelo menos pra uma mãe babona, boba e deslumbrada como eu, parece que acontece tudo de repente. Plim.

Minha filha conversa conosco de maneira espantosamente linda. Tem um vocabulário bastante razoável, conhece o nome de uma porção de animais, de frutas, de objetos. E compreende muito além do que seu aparelho fonador lhe permite articular. Naturalmente vai se interessando por descobrir as características dos seres, das coisas, dos objetos. Tem uma sede de descobrir o mundo. E, como sempre, ela não para! Seu corpo traduz em ações a velocidade dos seus pensamentos. É muito rápida a mocinha.

Apesar de tão novinha e dos estudos mais genéricos afirmarem que é bastante natural que uma criança na sua idade não deseje compartilhar o que possui, minha pequena é muito generosa, distribui seus brinquedos, permite que seus amiguinhos brinquem com eles (pelo menos tem sido assim até aqui). O único problema é que ela acha que as outras crianças automaticamente lhe dão o direito de usufruir de seus brinquedos também, hohoho.

Se antes eu me angustiava sem saber se estava no caminho certo no tocante à sua alimentação, hoje tenho certeza que sim. Eu escolhi o caminho do meio e não acho que é o mais fácil não. Decidi que, vez ou outra, permitirei sim que ela coma alguma coisa que não é parte de um cardápio ultra saudável. Mas que muito mais vezes oferecerei frutas, legumes, verduras, alimentos integrais. Fico muito contente quando vejo-a devorar tomate ou comer uma banana cheia de alegria e satisfação. Ela ama arroz integral. Aprendeu com a vovó a apreciar uma laranjinha. Ah, fico vaidosa sim, vai! Algumas coisas nunca ofereci e nem pretendo. Refrigerante por exemplo. Sim, eu tomo sim, mas não ofereço, bem assim mesmo. E quando ela pede eu não dou, digo "esse é da mamãe" e pronto. É provável que ela venha a experimentar em breve, ainda que não seja na minha presença. Mas não vejo motivo pra estimular ou antecipar esse momento. Não vejo isso como radicalismo, pra mim é questão de bom senso mesmo e por enquanto prefiro evitar. Se alguém faz diferente, beleza! Não discordo, façam como quiserem. Com minha filhota e em minha casa está funcionando bem assim e me sinto feliz com essa escolha.

As noites estão bem melhores. Tem acordado muito pouco no decorrer da madrugada, geralmente por sentir algum incomodo concreto, como o calor. O mais difícil é ajudá-la a adormecer, a pegar no sono. Dormir cedo nunca foi a praia dela e nisso paguei a língua legal. E até hoje não sei precisar se ela dorme tarde porque eu não soube estabelecer uma rotina, pelo estilo de vida já estabelecido na casa ou porque ela tem hábitos mais noturno e pronto (ou se é um pouquinho de cada coisa). Mas na maioria das vezes tenho sobrevivido!

Olho pra ela e não sei como defini-la. É ainda um bebê? Sim! Usa fraldas, é totalmente dependente, não desenvolveu de maneira plena a comunicação oral. Não toma banho só, não escova os dentes só, não sabe quando vem a vontade do xixi ou do cocô. Por outro lado compreende uma porção de coisas que falamos, antecipa fatos, usa ainda que de forma limitada a comunicação oral. Está transitando entre seu mundo bebê e seu mundo criança. E é lindo demais está perto, acompanhar, estimular, testemunhar minha florzinha desabrochando. É uma baita responsabilidade ser a cuidadora desse botão que aflora. É uma tarefa árdua, desafiadora. E deliciosa.

Filha, são 591 dias de muita dedicação a você (mais, se contarmos o tempo que você estava dentro da minha barriga e mais ainda se contarmos o tempo que planejei você). Os dias mais encantadores, apaixonantes e loucos da minha vida. Sei que cometi muitos erros, mas acredito que a busca pelos acertos sobrepuja minhas falhas. Eu reconheço cada uma delas e procuro superá-las. Não é fácil ser mãe. Mas é encantador! Amo profundamente você, meu anjo bom!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Parece

Parece abandono, mas só parece!

As mudanças são rápidas, não estou dando conta de escrever sobre elas. Enquanto tomo fôlego, enquanto tento  me adaptar a cada uma das que chega, enquanto penso que vou conseguir acompanhar, vem outra mudança e tudo que era deixa de ser! Ser mãe de bebê é isso: mudança, mudança, mudança...

terça-feira, 2 de agosto de 2011

1 ano (post atrasadíssimo!!!)

Cumprindo promessa, cheguei dentro das 24 horas previstas (pelo menos pra começar a escrever), oba! Mas a verdade é que o post está mais que atrasado, por motivos já comentados no posta anterior. Vamos ao que importa: falar sobre nosso primeiro ano de vida juntos (sim, porque não somos só eu e ela). Diabéticos, cuidado: esse post tem forte tendência a ser meloso!

Em setembro de 2008 me deu um estalo: eu já estava com 30 anos, "precisava" decidir se queria ou não deixar descendência. Minha sobrinha linda havia nascido meses antes e a chegada dela mexeu comigo. Eu só via vantagens em ser mãe, a vontade crescia. Conversei com o marido e decidimos que sim, teríamos um filho. Mas tudo assim, meio indefinido, apenas sonho, vontade, desejo.

Nessa época procurei um obstetra que, segundo diziam em nossa cidade, era o que tinha o perfil mais próximo ao que eu desejava. Eu já havia ouvido os clarins que anunciavam o parto humanizado, sabia que era uma meta difícil de se alcançar, mas a gente precisa de metas pra seguir. Acontece que estar com quase 100 quilos era algo que atrapalhava meus planos. Fui encorajada a perder peso e voltar ao consultório 4 meses depois. Sai de lá com um misto de alegria e sensação de derrota. E extremamente motivada a esvaziar o corpo dos excessos para enchê-lo de vida.

Ao longo de 9 meses (tempo bastante simbólico, sei disso!) perdi 30 quilos. Não virei nenhuma modelo, mas a mudança me agradava, me sentia mais confiante e passei a acreditar que sim, eu podia! Foi então que, em junho de 2009, decidimos que eu engravidaria. Três meses depois (em setembro de novo, vejam só!) engravidei.

O começo da gestação cheio de sustos e medos. Eu queria tanto vivenciar aquela experiência e quando chegou a minha vez eu não sabia como lidar com ela. Tive um pequeno sangramento uma semana depois que soube que estava grávida (e mais alguns depois) e o medo me paralisou.  Eu chorava, fiquei apavorada. Tinha aversão à ideia de ver meu sonho se esvair. Mas foi só um susto, não era nada demais. E até hoje não sei direito a explicação para aqueles episódios.

O primeiro trimestre da minha gestação foi de muito silêncio. Eu tinha medo, o medo me fazia calar. E o silêncio permitiu que eu conseguisse, aos poucos, me ouvir. Senti minha pequena mexer muito cedo. Não lembro exatamente quando, mas foi bem no início do segundo trimestre da gestação. E posso assegurar que a experiência é fantástica. Eu adorava sentir minha pequena mexendo no meu ventre.

O tempo foi passando, a barriga crescendo, primeiro timidamente, depois de maneira mais acelerada. Eu me sentia linda e plena. Completa e absoluta. Me sentia capaz de tudo! Claro, vez em quando batia uma insegurança, um medo (de novo?), mas a maior parte do tempo era de autoconfiança. Dito assim parece um crescimento rápido, absoluto, mas não era bem assim, não foi tão linear. Havia idas e vindas, como numa dança. Porém eu me encaminhava a cada dia para o empoderamento.

Lembro-me de um dia que fiz um trato com  a minha filha; eu queria muito dar à luz, parir. E da maneira mais natural possível! Me sentia um tanto quanto perdida. Não tinha uma doula presencial para me apoiar, meu obstetra não era bem como eu gostaria (sim, foi a melhor opção que me coube, mas não era um "nome nacionalmente conhecido em obstetrícia humanizada"), eu teria um parto hospitalar, possivelmente com algumas intervenções desagradáveis e invasivas. Eu queria parir na minha casa, num ambiente acolhedor e conhecido, mas não tinha grana e nem apoio pra levar esse desejo adiante. Isso fora o medo de algo dar errado e eu acabar na faca. E isso me fazia sofrer. Muito. Até que um dia decidi parar de sofrer e fazer o seguinte combinado com a minha filha: falei que faríamos o nosso trabalho juntas. Que no dia em que ela estivesse pronta para chegar, seríamos uma equipe, faríamos o melhor possível, o mais rápido que pudéssemos. Não por pressa, mas por precaução, eu "dizia" pra ela. É, eu fui ousada e "pedi" um trabalho de parto rápido, porque não me entendo bem com as dores e me descompenso com a maior facilidade quando sinto. Emponderamento era a palavra. Tomei às rédeas nas minhas mãos naquele dia!

Nosso dia chegou. Comecei a manhã com uma indisposição, que mandava de volta pra fora tudo que eu ousava colocar pra dentro do corpo. Era comer e vomitar (oi?). Na verdade não era indisposição. Hoje sei que era meu corpo se preparando, do jeito (louco) dele, para receber minha herança do lado de cá do mundo. No decorrer da tarde eu me sentia meio dopada. Sentia sono, náuseas e cólicas espaçadas e irregulares. No final da tarde fui examinada pelo obstetra ainda no consultório. Colo apagando, amolecendo, mas nada mais que 1 centímetro de dilatação. Eram 7 da noite e fui avisada que meu trabalho de parto poderia durar horas. Muitas delas. Voltei pra casa e a dor se intensificou. Entrei num furor, sentia raiva da dor, sentia raiva por vomitar tanto. Me sentia fraca. Achava que não daria conta. E as contrações iam e vinham e eu achava que não eram, ainda, contrações de verdade. Eu não sabia, mas estava entrando num estranho estado, conhecido por alguns por "partolândia". Por isso as emoções eram tão intensas. Abre parenteses---> E eu confesso que estava tão maravilhoso estar grávida que eu não queria que aquele encantamento acabasse. Se isso fez com que as dores ficassem mais intensas, não sei. Assunto pra discutir análise. <---fecha parenteses.

AS 22 horas minha mãe e meu marido me convenceram que era melhor ir para o hospital. Como eu pensava que ainda não estava em trabalho de parto (ãn?), protelei o quanto pude. O dia estava chuvoso, o táxi demorou a chegar. 23 horas ele chegou e em menos de 5 minutos (eternos) estávamos na maternidade. 7 cm de dilatação. Sorri, fiquei feliz e assim que meu obstetra apareceu (minutos depois) pedi analgesia. Podia ser um tiro no pé, mas pedi. O trabalho de parto seguiu, menos intenso e eu bem mais tranquila. Só voltei à tal partolândia no expulsivo. E a 1h54min do dia 17 de junho de 2010 dei à luz à minha jóia preciosa.

Os primeiros meses foram de muita chuva e de um inverno de sentimentos. Eu me sentia triste, chorava, faltava algo. Faltava o esplendor da gravidez. Senti saudades, muitas saudades. Baby blues? Depressão pós-parto? Não sei! Mas passou, foi passando (embora ainda me sinta triste ao lembrar da tristeza que eu sentia naquela época - outro assunto para discussão em análise).

Passado o primeiro trimestre, chegou a primavera (a minha e a da natureza). Fui renascendo, despertando, aprendendo. A primavera tem seus dias de chuva e frio, mas à medida em que avança, o tempo vai ficando bonito, a vida floresce.

Os dias se passando, minha menina crescendo. Primeiro sorriso, descobrindo a mão, primeira gargalhada, aprendendo a rolar, descobrindo o pé, aprendendo a sentar, a comer, a ficar em pé. Chegou a época da volta ao trabalho, ela com quase 8 meses. Angústia da separação (de ambas), mas deu tudo certo (meu marido e companheiro está sendo o melhor cuidador que minha filha pode ter quando não estou presente, como acredito que tinha que ser). Balbucios, palavrinhas, primeiros passos. Primeiras gracinhas, primeiras artes. Noites difíceis, noites deliciosas. Erros, acertos. Belo recheio!

E chegou o dia do primeiro aninho. Eu me sentia emocionada, feliz, mas inquieta. Meu bebê está crescendo e, aos poucos, vai deixando de ser meu bebê. Isso me amedronta. Como bem disse minha amiga Luzi querida, eu sinto saudades do minuto anterior. Nosso primeiro ano foi de muitas vitórias. 1 ano de amamentação (após os seis iniciais dela exclusivíssima!). Minha filha chegou no seu tempo, pela via que a natureza providenciou. Cercada de muito amor, de um pai e uma avó fora de série. Sem eles não imagino como teria sido esse primeiro ano.

Eu sabia que registraria os sentimentos e situações que experimentei nesses 365 dias (agora um pouco mais, já se passaram quase dois meses depois do aniversário da minha Isis), mas as palavras que pensei e planejei não sairam. Vieram outras, tão fortes quanto as que planejei (ou até mais). E agora não sei como terminar esse post. O tempo passando, implacável (inclusive ele me pressiona agora, uma vez que são mais de 2 da madrugada e preciso acordar logo mais para trabalhar). Eu dizia que iria curtir muito, muito, muito cada instante, para não sentir falta deles, mas não dá, impossível: sempre sobra muito amor para cada momento que vivo com ela, é tudo muito intenso.

O resumo desse primeiro ano? Eu diria uma frase que nem é de minha autoria, mas li, gostei e adotei: me descobri muito menos eu e muito mais feliz!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Imbolc e recomeços

Eu não sabia por onde recomeçar. Eu queria muito registrar como foi o primeiro ano da minha filha (o primeiro ano "inteirinho" e o dia da festa). Mas eu não conseguia. Travei. Minha pequena está crescendo, isso é motivo de muita alegria, me sinto muito feliz por isso. Porém também sinto saudades de tudo que já passamos. E essa situação me fez silenciar.

Ontem, porém, uma pessoa me falou sobre uma espécie de ano novo Wicca, o Imbolc. Fiquei bastante curiosa, li um pouco à respeito e achei que era uma boa ideia recomeçar a escrever aqui justamente no dia 1º de agosto, dia em que alguns comemoram o fortalecimento do sol no hemisfério sul. Não sou Wicca, mas gosto de observar a natureza, seus ciclos. Basta ler posts anteriores meus e isso poderá ser visto. Então, para representar meu sol brilhando mais forte, resolvi que meu "rito" seria voltar a escrever nesse espaço.

CELEBRANDO A VIDA

Sempre adorei o dia do meu aniversário. Receber carinho de todo mundo, cantar parabéns, ganhar presentes (ah, é bom sim!!!). Ficar mais velha, ficar grande! Era assim que eu via o dia do meu aniversário. Quando minha pequena chegou eu ficava pensando em como seria comemorar seu primeiro aninho. Tão simbólico saber que a Terra deu uma volta completa em torno do Sol, que girou em torno de seu próprio eixo mais de 2 centenas de vezes. Estações vieram e se foram, todas elas. Todos os meses do ano. Dia após dia. Semanas. E minha filha ao meu lado em cada um desses dias. E eu acompanhando sua evolução e aprendizagem. Tem como não celebrar esse dia? Impossível!

Eu queria ter feito tudo sozinha. Tudo que eu digo é fazer decoração, escolher cores de cada coisa, comprar eu mesma, dizer onde quero cada coisinha. Mas aí minha mãe e meu irmão vieram com um presente irrecusável: deram a festinha da minha pequena de presente. É, contrataram um espaço para realizarmos esse momento feliz, com direito a bala, bolo e balão. E mais um pouco. Eu escolhi o tema, as cores, degustei uma amostra do buffet e só precisei aparecer no dia pra curtir a festa.

Claro que se eu fizesse isso tudo com essa tranquilidade que minhas palavras fizeram parecer, eu não seria eu, né? Eu decidi arrumar trabalho pra mim e fazer algumas coisas eu mesma, "personalizar" alguns detalhes da nossa comemoração. Não me arrependi, gostei de contribuir diretamente para realização desse momento. Preparei um kit de colorir bem fofo e uns potinhos cheios de jujuba dentro pra dar pros nossos convidados.

Estava tudo perfeito: a decoração com bonecas e elementos de jardim. Esse mundo dos buffets infantis é impessoal, padrão demais. Mesclar dois temas foi ótimo, a decoração do espaço ficou, de certa forma, "exclusivo". O lugar era aconchegante, com brinquedos pra criançada e uma comida deliciosa e muito elogiada. A equipe muito educada e cheia de presteza. A decoração ficou linda de viver. Mandei fazer uma bonequinha pra ser o topo do bolo do primeiro aninho da minha boneca. Passei fotos do vestido e dos acessórios para a artesã, bem como fotos da Isis. Ela juntou tudo e fez um mine Isis que eu amei! Aliás, falando em vestido... o vestido também foi um presente lindo, de três amigas  muito especiais. Um presente inesquecível! Sou muito grata pelo carinho que Bruna, Dani e Camila tiveram ao nos dar o vestido perfeito para aquela noite perfeita.

Dizem que o melhor da festa é esperar por ela. Não concordo. Eu gostei de esperar, mas gostei de curtir cada minuto, gostei de receber as pessoas que marcaram esse primeiro ano de vida da minha filha, reunir amigos, ver um montão de criança junta. Olhar ao redor e pensar "hei, eu conheço todo mundo que está aqui, todos estiveram, à sua maneira, presentes no decorrer do primeiro ano de vida da minha filha". É verdade que me senti bastante perdida com minha parca experiência como anfitriã, devo ter cometido vários deslizes, mas o saldo é mais que positivo.

Para provar que, definitivamente, o melhor da festa não é apenas a expectativa de sua chegada, estou eu aqui, mais de um mês depois, escrevendo sobre ela. E lembrando dos sons, sabores e cores de um dos dias mais felizes da minha vida! O dia em que a minha filha completou seu primeiro ano de vida. E eu também, de alguma forma, completei um aninho junto!

Eu pretendia escrever agora mesmo sobre como vejo a experiência de ter ao meu lado um ser que eu trouxe à vida durante 1 ano. Mas precisarei de muito mais tempo do que tenho agora. Assumo comigo mesma o compromisso de voltar aqui e escrever dentro das próximas 24 horas. Porque nesse meu imbolc me comprometo a estabelecer metas e cumpri-las.

Em tempo: filha, mais uma vez, parabéns! Te amo, amo, amo, amo, amo, amo, amo, amo, amo, amo, amo, amo!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Tá chegando!!!

Há um ano eu era um poço ambulante de ansiedade. Mas também de felicidade e de orgulho, exibindo um barrigão imenso e lindo. Quem sou eu hoje? Ansiosa? Claro, essa sou eu! Mas o orgulho e a FELICIDADE são muito maiores! Ah, eu tenho sim a filha mais perfeita e maravilhosa do mundo, dá licença! Eu tô de um jeito assim... que nem consigo dormir de tanta coisa (boa) que sinto dentro de mim!

Porém... vida real, preciso dormir, acordo cedíssimo e em algumas horas estarei diante das responsabilidades do novo dia, da nova semana. Uma semana especialíssima, sem dúvida alguma... semana na qual completamos um aninho de tantas coisas novas! É já, é já! E merece um post mega-ultra-hiper especial! Eu volto e registro!

É muito amor, eu precisava compartilhar!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Eu digo basta, e você?


Confesso que estou com bastante sono, mas não poderia ignorar determinados fatos e perder a oportunidade de defender minha condição de lactante (e da minha filha como lactente). Desde que a antropóloga Marina Brandão foi impedida de amamentar no Itau Cultural, no começo de maio e que a jornalista Kalu Brum teve uma foto excluída do seu facebook (foto na qual estava amamentando), sucedeu-se uma série de protestos contra a hipocrisia de quem torce a cara pra mãe que amamenta, mas ignora a exibição gratuita de peitos com a finalidade de vender cerveja e coisificar a mulherada. Junto com o protesto, veio mais machismo e misogenia. Diversos jornalistas se posicionaram contra a maneira de protestar, fizeram pouco caso e mesmo zombaram dos atos realizados e do corpo feminino.

Eu não posso aceitar preconceito disfarçado de piada. Não posso ser conivente com falta de respeito e demonstração de ignorância. Não posso fingir que não é comigo, não posso deixar de tomar partido. Sou mamífera, amamento e tenho muito orgulho disso!

Amamentar é cuidar de um ser indefeso, nutrir com o melhor alimento que há no mundo para um bebê e atender as necessidades emocionais na mesma medida. E bebê não tem relógio no estômago, nem entende que ali ou aqui tem muita gente olhando, ele tem necessidades que precisam ser atendidas de imediato (e quanto mais novo o bebê, mais urgente a necessidade). Amamentar, sob meu ponto de vista, é um dos mais fortes atos de entrega e formação de vínculo que se pode oferecer. Não quero e não vou negar a minha filha esse direito só porque tem gente olhando.

Para entender melhor, é só dar uma olhadinha aqui.

sábado, 28 de maio de 2011

10 e 11 meses

Ah, eu protelei mesmo! Não consegui falar sobre o 10º mês, fiquei meio perdidinha. Tão pertinho da minha pequena fazer 1 aninho que fiquei atônita! Mas é, o tempo passa e pronto. Se não aproveitar, dançou. Eu tenho aproveitado muito e muito!

Minha pequena tornou-se uma andarilha no mês passado. Claro que ainda não são aqueles passos seguros que só a experiência traz, mas adora dar umas voltinhas à pé, diferente da mãe. Ainda curte muito engatinhar. "Corre" engatinhando, olha pra trás como que nos desafiando a ir atrás dela e continua "correndo". Linda, né?
Fica na pontinha do pé pra alcançar o que deseja (com apoio, né?). Nunca vi tão arteira! Adora uma novidade, descobrir coisas, observar causa e consequência. Ah, e se deixar ela sobe em tudo que tiver uma altura acessível, um perigo!!!

Aprendeu a fazer tantas gracinha! A do mosquitinho (eu falo pra ela que o mosquitinho faz pic-pic-pic, com movimento de pinça na pele dela... papai perguntou e ela mostrou como é). Chama o gatinho (faz gesto com a mão e faz um "pshiui", hehehe). E fala e mostra a lua (uu-ah), mostra a chuva (upba). Balbucia o nome dela, faz um esforço lindo de se ver. Faz a "caretinha linda" (que é uma cara sapeca apertando os olhos e a boca). Dança nas aberturas de programas de TV, não pode ouvir nenhum som diferente que já começa a dançar (meu irmão amolando uma faca e minha mãe lavando umas tampas de panela foram motivos pra ela dançar). É, ela tenta imitar a mão da Beyonce naquele uo-o-ou que ela faz em Single Lady (mea culpa, eu acho bonitinho aquele video do bebê dançando essa música e de tanto assistir acabei ensinando isso pra ela, rá).

Ah, e tem o dentinho que chegou e eu já falei sobre ele. Um só mesmo (na verdade meio, não saiu todo ainda). Tá dando um trabalhão limpar esse dente, ela dá baile na mamãe, mas uma hora a gente se afina.

Tem mais, muito mais. Ela aprende muito rápido, demonstra afeição e descontentamento, é sapeca, carinhosa e teimosinha, curiosa e reinona! E linda! E perfeita. Nem vou falar mais nada, não caberia em um post não!

É muito bom ter minha menino enchendo a minha sala, minha casa e meu coração. Preenchendo essa sede de cuidar e amar sem limites. Amar a mãe, amar o marido, um sobrinho ou uma causa tem dimensões enormes e nobres. Mas amar um filho é inominável, imensurável, inenarrável!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Primeiro segundo domingo de maio

Esse dia, dizem por aí, é o dia das mães. Segundo domingo de maio. Quando eu era criança, achava que esse dia era um dia de dar presente pra minha mãe. Aí ficava recortando fotos dela com tesoura picotada e escrevendo bilhetinhos, achando tudo lindo e presenteando-a assim. Ela dizia que também gostava! Na adolescência, verdadeira época dos porquês, comecei a questionar essa data e pude constatar que se tratava de algo meramente comercial. Mesmo assim segui curtindo fazer desse dia um dia diferente pra minha mãe.

Em 2009 me descobri grávida e em maio de 2010 eu estava com uma barriga imensa e uma ansiedade maior que ela. Menos de um mês depois, recebi o maior título que poderia, começaria a experiência mais relevante da minha vida: ser mãe. Ah, cada comercial alusivo à data que eu assistia era motivo pra me debrulhar em lágrimas. Me sentia tão especial, tão perfeita, tão completa, tão, tão! Eu nem estava aí se os comerciantes queriam apenas arrancar dinheiro dos filhos estimular o consumo em nome do amor à mãe, eu simplesmente me deslumbrava com aquelas palavras lindas, meticulosamente estudadas pelos publicitários.

Esse ano aguardei ansiosa pelo dia. Dia das mães. Eu sou mãe! E mais que isso: sou mãe da garota mais linda, perfeita, incrível, maravilhosa e sorridente do mundo; não, do Universo! Eu acordei feliz e vou dormir feliz. Foi um dia perfeito! O que ele teve de especial? A companhia das duas mulheres da minha vida: minha mãe e minha filha. Pra que melhor? Tinha muito mais gente junto de nós, mas a presença delas duas era imprescindível.

Estou maravilhada por ser mãe. Não é sempre fácil, é muito trabalhoso (um tanto que nem é possível traduzir em palavras). As vezes me sinto, sim, desesperada, sem saber como fazer, doidinha por uma receita pronta. Mas não tem, ela não existe. Descobri o que já dizia o poeta: é caminhando que se faz o caminho. Nem sempre acerto, nem sempre sei a medida, mas da próxima vez sempre vai ser melhor.

Ser mãe... o que é ser mãe? Ser menos eu, ser mais ela - e me sentir feliz por isso. E se conhecer tão profundamente ao ponto de abrir mão de ser somente eu mesma de vez em quando (ou de vez em sempre). É aprender que a relação mãe e filho é uma construção, que a gente aprende a cada dia e que não existe receita. É seguir princípios, é ouvir instintos, é buscar ser cada dia mais e melhor. É amar. Amar com a maior medida de amor que há no mundo!